(Vou começar o post da mesma maneira que o anterior)
Bom dia a todos que lêem. Resolvi fazer um blog. Não sei por que.
O blog se chama furtado pingente. Furtado é meu sobrenome, é para se referir a mim e pingente, segundo o dicionário, significa 'objeto que pende'. E é como eu me sinto de vez enquando. Algo pendurado, indo de um lado para o outro, pendendo.
Furtado é meu sobrenome que veio da minha família materna, do meu avô materno, o qual eu não conheci, pois morreu um ano antes de eu nascer. Escolhi esse sobrenome talvez, por não ter contato com meu pai. Não sou um jovem traumatizado com isso, pelo contrário, acho que eu quase não penso nele. Mas há dias em que penso. Eu penso também na minha irmã, filha dele, a qual eu nunca vi, não sei ao certo quantos anos ela tem, mas acho que ao redor de dez. Ontem eu o mandei um e-mail, o qual eu peguei na ultima vez que nos falamos (se eu não me engano foi no dia 22 de novembro, dia que ele acha que é meu aniversário), pedindo para que ele me mandasse uma foto dela, pois fiquei sabendo que ela se parece muito comigo. Nunca tive vontade de conhecê-la, mas ultimamente isso tem mudado. Tenho tido vontade de conhecê-la e de conhecer meu pai. Já que posso contar nos dedos os dias que nós passamos juntos. Há mais de seis anos que não o vejo. Mas não o culpo. Ele mora em Imperatriz-MA. Só espero que ele viva bastante, para que um dia eu possa trazê-lo para talvez assistir uma corrida de fórmula 1, coisa que ele gosta muito, e eu puxei a ele. Seria um dia legal. Será um dia legal. As poucas lembranças que eu tenho dele são as melhores possíveis. Eu, com no máximo cinco anos só com ele em seu fusca vermelho, no banco de trás, virado olhando pela janela traseira, ele acelera e fala 'segura, peão!'. Acho que foi nesse mesmo dia que ele me levou ao shopping (programa padrão, mas eu sei que foi de coração), e eu tomei o frutilly (foto) mais gostoso da minha vida. Outra ocasião na qual eu me lembro, foi em um final de ano, no qual me encontrei com ele na casa da minha tia. Ele me deu um super trunfo de fórmula 1 e uma Ferrari F50, daquelas que conseguiam-se nos postos shell abastecendo com 50 litros mais 10 reais. Foram dois presentes dos que eu mais gostei de ter ganho até hoje. Nós jogamos super trufo enquanto ele fazia caipirinha para ele. Depois fomos para a varanda da minha tia, ele cortava sua unha grossa do dedão, grande como o meu, enquanto eu brincava com minha ferrari. Minha prima por parte de pai, a qual não vejo a mais de 6 anos também, que era bem pequena, pegou minha ferrari e saiu correndo, eu corri atrás morrendo de medo de perder meu carro, que deveria ter seus 25cm
e era de metal, logo era pesado. Cerquei-a entre a mesa e o sofá e falei: 'Me dá!'. Ela parou e para não dar o braço a torcer, simplesmente largou minha ferrari ao chão, da altura que as mãos dela seguravam, o que deveriam ser nada mais do que uns 90 cm, mas que foram suficientes para que o capô traseiro caísse e a pintura saísse de algumas partes, como o aerofólio. Eu fiquei muito bravo, por sempre ter sido muito cuidadoso com as minhas coisas e por ter amado o presente. Meu pai encaixou o capô e pediu um esmalte vermelho para minha tia, para tentar pintar as partes que haviam descascado. Não ficou muito bom, mas é uma lembrança que eu tenho até hoje. Nesse mesmo dia, eu estava com uma daquelas mãozinhas feitas de uma geléia verde e grudenta que são presas na extremidade de um fio dessa mesma geléia com um anel na outra ponta para ser colocado no dedo e jogado nas pessoas. Joguei minha mãozinha no teto do quarto, fiquei triste e mostrei para o meu pai. Logo ele se levantou, deu um pequeno pulo e tirou-a do teto! Pode parecer pouco, mas eu fiquei muito orgulhoso dele nesse dia, afinal, ele alcançava o teto! Ele era o máximo, meu herói. Depois ainda fomos à área de lazer do prédio e jogamos com uma bola oval e leve, que não custou para voar para o outro lado do muro, mas que valeu enquanto durou.
Até eu estou espantado de tanta clareza que há na minha lembrança, visto que faz tanto tempo. Estou muito satisfeito por ter escrito toda essa lembrança nostálgica, pois assim, me certifico de que nunca esquecerei daquele dia maravilhoso com meu pai, um dos poucos. Isso serviu para aumentar a saudade dele, mas não tenho muita coragem de dizer isso e de tomar uma atitude para vê-lo, pois além de ser inviável, não sei se seria igual, afinal hoje eu já sou muito maior, e faz muito tempo que não o vejo, não sei como eu o trataria.
Se você leu tudo, você ficou sabendo de coisas sobre mim que nem eu lembrava até pouco tempo, e acho que ninguém sabia até então. Para isso fiz um blog.